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Filme sobre Luiz Gonzaga abre festival de cinema na China

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Com a presença do diretor Breno Silveira, o filme “Gonzaga – De Pai pra Filho” abrirá o quarto Festival de Cinema Brasileiro na China, que terá projeções de outros cinco filmes em Pequim e Xangai, de 5 a 15 de setembro.

A mordida do dragão deixou de fora quatro filmes, barrados pela censura chinesa: “Chamada a Cobrar”, de Anna Muylaert; “Rânia”, de Roberta Marques; “O que se Move”, de Caetano Gotardo; e “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho.

Mesmo com a experiência das duas últimas edições, a diretora artística do festival, Anamaria Boschi, não arrisca um palpite sobre o que provocou os vetos. “A censura não dá explicações. É sim ou não”, diz ela.

Sem o carimbo da Administração Estatal chinesa para Rádio, Cinema e Televisão (SARFT, na sigla em inglês), nenhum filme tem permissão para ser exibido publicamente no país.
Por via das dúvidas, a atriz Huang Lu, que integra o júri do festival, preferiu conferir se os filmes da seleção contavam com o carimbo. “Eles têm a marca do dragão?”, quis saber Huang, quando recebeu o telefonema de Boschi.

Sinônimo de poder supremo na mitologia chinesa, no passado o dragão era o símbolo do imperador. Hoje ele representa a força da censura: sua imagem aparece antes de todo filme exibido legalmente no país.

Embora habituada ao processo que envolve a aprovação -uma cópia de cada filme é enviada à SARFT por meio da embaixada do Brasil em Pequim, com sinopse em inglês e chinês-, Boschi admite que os critérios da censura ainda são um mistério para ela.

Neste ano, achava que a animação “Rio 2096” tinha poucas chances de ser liberada, pela enxurrada de cenas violentas da história do Brasil. O filme passou.

Por outro lado, ela não entendeu o veto ao premiado “O Som ao Redor”, sobre a violência latente numa rua de Recife. “Quem sabe?”, diz Boschi. “Pode ter sido a cena em que uma personagem fuma maconha no aspirador de pó.”

LUZ PRÓPRIA

Fazer cinema sem passar pelas garras do dragão é uma viagem bem mais turbulenta. Para o Festival de Cinema Independente de Pequim, que no fim deste mês tenta chegar heroicamente a sua décima edição, o equipamento mais importante nem é o projetor. É o gerador elétrico.

No ano passado, a sessão de abertura foi interrompida pouco depois do início, quando um blecaute misterioso deixou no escuro um quarteirão inteiro do distrito artístico de Songzhuang, nos arredores de Pequim.

Nem assim o festival se deu por vencido. Cinéfilos abriram suas casas, galerias e escritórios, que se transformaram em cinemas improvisados. Durante oito dias foram exibidos 46 documentários e 29 filmes de ficção, enquanto policiais à paisana zanzavam nas redondezas.

O governo negou estar por trás do apagão, mas não convenceu. Antes da abertura, a organização do festival havia recebido recados para que não abrisse o evento com o filme “Ovo e Pedra”, sobre abuso sexual numa área rural da China.

“Dificilmente será pior que no ano passado. Agora temos nosso próprio gerador”, disse à revista “Time Out Beijing” o organizador do festival, Dong Bingfeng. Se o gerador aguentar, mais de cem filmes serão exibidos.

DESMEMÓRIA

A China fechou 2012 com 1,1 bilhão de usuários de celular. Isso significa o mesmo número de fotógrafos em potencial. Chineses adoram usar seus telefones para fotografar e filmar tudo o que acontece a sua volta.

O prazer e a facilidade do clique instantâneo não significam um apego à fotografia. “Não é exagero dizer que os chineses são analfabetos em imagens”, diz Rong Rong, um dos principais fotógrafos experimentais do país.

Fotos de momentos cruciais da história moderna foram deletadas do olhar público pela censura.

Basta dizer que uma das imagens mais marcantes do século 20, a do manifestante solitário diante de uma fileira de tanques na praça da Paz Celestial, durante os protestos de 1989, é desconhecida de muitos jovens.

Incomodado com a dilapidação do patrimônio de imagens históricas, Rong criou há seis anos em Pequim o primeiro centro privado de fotografia do país. “Quero usar a fotografia como uma ponte entre passado, presente e futuro”, diz.

A nova revolução é digital, um celular na mão, mas poucas ideias na cabeça. “As pessoas consomem as novas tecnologias capturando imagens, mas são incapazes de criar um mundo próprio”, lamenta Rong.

PEQUIM, 40 GRAUS

Em meio à pior onda de calor em 140 anos, pandas dormem sobre cubos de gelo, dançarinos de rua somem do mapa e piscinas públicas viram um mar de gente e boias coloridas. Significa também uma corrida a museus e espaços culturais refrigerados. Mas, na hiperconsumista Pequim, o oásis favorito continua sendo mesmo o shopping.

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