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Gonzagão se sentiu ameaçado pela Bossa Nova

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Brasil, 1958. Surge o fenômeno musical “Bossa Nova”, embalado por João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes. O baião do Rei, a esta época, já não fazia tanto alarde como antes. “Depois de A Feira de Caruaru, gravada em 1957, até o ano de 1964, quando gravou a Triste Partida, de Patativa do Assaré, Gonzaga não havia gravado nenhum outro sucesso”, reafirmou o compositor e parceiro musical do Velho Lua, Onildo Almeida.

Para completar, já na década de 1960, o País idolatrava Roberto Carlos e a sua Jovem Guarda. A angústia de Gonzagão com a sua saída das paradas de sucesso foi tanta que pensou ser, aquele momento, o início do fim de sua carreira. “Ele me chamou e disse: seu Onildo, faça uma música para minha despedida que eu vou deixar de cantar, porque os cabeludos tomaram conta, ninguém quer mais nada com o baião, é só jovem guarda. Eu estou relegado, muito desgostoso”, relembrou Almeida.

Mas o parceiro, de início, não quis levar a ideia adiante. “Discuti com ele e disse que não ia fazer”. Mas, em uma de suas andanças pelo Rio de Janeiro, Onildo se encontrou com o produtor Luiz Queiroga, que foi seu parceiro nos tempos da Rádio Difusora, em Caruaru. Deste encontro, tudo mudou. “Queiroga puxou do bolso um papel de embrulho dobrado e disse: seu Onildo, bota música nisso aí”.

Quando abriu o papel, veio o susto com o verso que estava escrito: “O meu cabelo já começa prateando, mas a sanfona ainda não desafinou, a minha voz vocês reparem eu cantando, que é a mesma voz de quando meu reinado começou”. “Quando eu li isso, me arrepiei todinho. Como é que Gonzaga me encomenda uma música para parar de cantar, eu disse que não fazia, chego no Rio, Queiroga sem saber de nada, me dá um presente desse. É uma coincidência muito forte”, contou, saudoso, Onildo Almeida.

A partir do primeiro verso de Queiroga, Onildo compôs os outros três do baião “A hora do adeus”. “Meses depois, Gonzaga passou aqui em Caruaru: fez minha música? Eu disse que não fazia, mas fiz. Posso ouvir? Pode. Ele ouviu, entristeceu, quis chorar, engoliu seco e saiu. Eu pensei: será que ele não gostou? Uma música dessa, que eu considero uma obra prima, e fiquei preocupado. Com 15 minutos ele voltou e eu perguntei: o que foi que houve? Fui tomar um café pequeno, a música é muito bonita, eu vou gravar”, narrou. Mas para surpresa dos dois, a música não aconteceu. “Para você ver como ele estava mal, não estava vendendo bem”, enfatizou Onildo Almeida.

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